quarta-feira, 9 de abril de 2014

Pseudojornalismo. Ou: deboche arrogante

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Quarta-Feira, 09 de abril de 2014


Por: Almir Moreira, advogado



O deboche é a marca de certo tipo de “jornalista” hoje em dia; palpiteiro sobre tudo, se julga superior às convenções sociais, mal percebendo ser ele próprio a figura mais convencional destes tempos. E que tempos! Tempos onde, de mãos dadas com a idiotia, celebram e incentivam a mediocridade, embora vivamos diante da maior quantidade de informação que uma geração já teve ao seu dispor. Acredita que é bom, que é legal e que no final tudo vai dar certo para si e, por sua força, para todos, mas sob seus caprichos, sua ideologia. Afinal, é assim que sempre acontece na novela barata.  

Na Chapada há “jornalista” desse tipo, ignorante, presunçoso, que se arroga o fato de conhecer e saber sobre assuntos e temas de que não teve nem leituras marginais, introdutórias, só ouviu falar, e que, acuado no bom debate, recorre ao espetáculo ridículo. Enche a boca para criticar, refutar uma frase dita a esmo, fuça a vida íntima e, rechonchudo de ignorância letárgica, apela descaradamente para meios ardilosos, como fuga de argumentar.  

Chamado para o debate, gente assim, amante do embate, amante do sentimento de grupo, treinada em balbuciar chavões, soca a viola no saco e, como o covarde, embosca para matar, usa artifícios desqualificadores como arma de ataque; às vezes a tolice e a burrice são tão grandes que se esquece: no histórico de sua vida, há espaços para caricaturas de todo jeito, desde as mais hilárias até as mais maledicentes, e pelo ferro com que feriu pode ser ferido.  

O ataque a opositor, cujo argumento lhe falta, é sem tréguas nem misericórdia, só tem um fim: a demolição moral. Cartilha velha, surrada, mas em voga.  A desfaçatez é tão grande que, acometido de um alheamento, de um autismo sobre o passado e o presente, desconhece o que passou, por conta de com quem andou. Na falta da explicação moralmente aceitável, recorre à velha prática autoritária, deixar o dito pelo não dito, nisso vai se esmerando.  

Inepto no jogo do argumento, não formula nem refuta ideias, lixo como esse não merece outro tratamento, há de ser repugnado por incapacidade de promover diálogo aberto, franco e isento de paixão ideológica; deboche e pornografia, instrumentos recorrentes na “escrita” de tipos como esse, jamais podem ser considerados como de uso legítimo para fomentar ideias. 

"Jornalista" desse tamanho lembra o dito por Goethe: “Onde há muita luz, as sombras são mais profundas.”
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